O Dia em que Deus Apareceu (E Foi Ignorado)

Em um mundo cheio de crenças, debates e tentativas de provar ou refutar a existência divina, há aqueles que simplesmente preferem viver suas vidas sem se preocupar com isso. Esta é a história de Augusto, um ateu convicto, e do dia inusitado em que Deus resolveu aparecer para ele... e foi completamente ignorado. Com um toque de humor e uma dose de sarcasmo, embarque nessa jornada absurda e divertida sobre fé, racionalidade e o inesperado.

O Dia em que Deus Apareceu (E Foi Ignorado)
O Dia em que Deus Apareceu (E Foi Ignorado)

O Dia em que Deus Apareceu (E Foi Ignorado)

Augusto era um homem prático. Acreditava na ciência, na lógica e no café forte. Seu dia começava com um espresso duplo e uma olhada rápida nos noticiários, apenas para reforçar sua convicção de que o mundo estava cada vez mais irracional.

Morava sozinho em um pequeno apartamento e, nos finais de semana, gostava de maratonar documentários sobre o universo. Não que ele fosse arrogante, mas simplesmente não via sentido em acreditar em algo que não podia ser comprovado.

Foi então que, numa terça-feira comum, enquanto preparava uma torrada e discutia mentalmente se deveria passar manteiga ou geleia, algo extraordinário aconteceu.

Uma luz intensa preencheu a cozinha e, num piscar de olhos, uma figura celestial surgiu diante dele. Vestia um manto branco, brilhava como um letreiro de motel e tinha uma barba impecavelmente bem cuidada. Augusto, que era alérgico a espetáculo, suspirou e virou-se para continuar preparando sua torrada.

"Augusto!" disse a figura, com uma voz que ecoava como um coral de anjos.

"Opa," respondeu Augusto, abrindo o pote de manteiga.

"Eu sou Deus!" a figura declarou, estendendo os braços.

Augusto olhou para o ser celestial, depois olhou para sua torrada, pegou uma faca e começou a espalhar a manteiga calmamente. "Puxa vida, hein? Deve ser uma responsa e tanto. Quer um café?"

A divindade pareceu confusa. "Você não está impressionado? Eu sou o Criador do Universo!"

"Humm... interessante," murmurou Augusto, pegando uma xícara. "Quantos açúcares? Ou você prefere sem adoçante?"

"Augusto, eu vim para provar a você que eu existo!"

Ele bufou. "Sejamos razoáveis, 'Deus'. Se você existe, por que aparece logo para mim, um ateu convicto?"

"Porque você precisa acreditar!"

Augusto deu de ombros e deu um gole no café. "Ah, mas eu acredito em muitas coisas. No poder da gravidade, na eficiência do paracetamol, na incapacidade dos vizinhos de abaixarem o volume do som depois das 22h... O senhor vai precisar de mais do que um show de luzes para me convencer."

Deus, agora ligeiramente irritado, decidiu demonstrar seus poderes. Com um estalar de dedos, fez a torrada de Augusto levitar. O homem observou o pão flutuante por alguns segundos e, sem esboçar reação, apenas pegou a torrada do ar e mordeu um pedaço.

"Legal," disse com a boca cheia. "Mas tem truques melhores no YouTube."

Deus suspirou e tentou outra abordagem. Com outro gesto, transformou a cafeteira de Augusto em ouro puro. O ateu olhou para a cafeteira, depois para Deus, e suspirou.

"Isso nem é prático. Como vou fazer café agora? O ouro é um excelente condutor de calor, então eu provavelmente queimaria os dedos pegando nela. Isso sem falar que cafeteiras douradas nem combinam com minha cozinha."

Deus esfregou as têmas, visivelmente frustrado. "O que você quer, então?"

Augusto pensou por um momento. "Se você puder fazer com que o Wi-Fi pare de cair toda vez que eu estou assistindo um vídeo importante, talvez eu considere sua existência."

Deus, derrotado, balbuciou algumas palavras e desapareceu em um clarão. A luz se dissipou, e o apartamento de Augusto voltou ao normal. Ele olhou para sua cafeteira, que agora estava de volta ao estado original, e deu um gole em seu café.

Foi então que percebeu algo surpreendente: seu Wi-Fi, que sempre oscilava, estava funcionando perfeitamente. Nenhuma queda de conexão, nenhum buffering, apenas internet rápida e estável.

Ele deu um sorriso de canto. "Talvez haja um deus, afinal. Mas, se ele só serve pra consertar o Wi-Fi, ainda assim não vão me ver na igreja tão cedo."

E com isso, Augusto voltou a tomar seu café, completamente imperturbado, enquanto navegava na internet a uma velocidade sem precedentes.


Conclusão

A história de Augusto nos mostra que nem mesmo uma aparição divina é suficiente para convencer um ateu determinado. No fim das contas, talvez Deus precise de uma estratégia de marketing melhor ou, pelo menos, entender que alguns milagres simplesmente não impressionam mais. Enquanto isso, o Wi-Fi perfeito talvez seja o único milagre moderno que vale a pena.